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sábado, 18 de outubro de 2014

nenhuma solução para a sustentabilidade dos resíduos sólidos nem pela prefeitura ,empresas de coleta e secretarias de meio ambiente


22/09/2014http://vivafavela.com.br/20-sustentabilidade/589-fim-dos-lixoes-gera-controversia-nas-cidades
Governo do EstadoEm janeiro de 2014, blitz fecha um lixão clandestino de Gramacho

A Lei 12.305/2010 institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos e reconhece o “resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor da cidadania”. Em todos os municípios do país, o plano emergencial tinha até o dia 2 de agosto deste ano para ser cumprido e a principal meta era a erradicação definitiva dos lixões.

No Rio de Janeiro, a prefeitura informa que o plano foi cumprido antes do prazo com a finalização dos trabalhos no Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho, conhecido como lixão de Gramacho, em junho de 2012. Agora, as 10 mil toneladas de lixo geradas diariamente no Rio são destinadas para uma nova Central de Tratamento de Resíduos, localizada no município de Seropédica. Especialistas no assunto, porém, discordam da maneira como o plano tem sido executado na cidade.

Foto: ReproduçãoFoto: ReproduçãoSérgio Ricardo de LimaO ecologista, gestor e planejador ambiental Sérgio Ricardo de Lima chama de propaganda enganosa os dados que são divulgados pelos órgãos oficiais. “Supostamente o Rio resolveu o problema dos lixões, mas a situação é muito grave. O que fizeram foi uma política de tornar invisíveis as pessoas que trabalhavam e viviam ali. Os catadores ficaram a ver navios”, explica.

Ele reforça que a lei determinava ainda inclusão social e produtiva, além de cursos de capacitação para os catadores, mas isso não foi feito. “Os números falam em 3.500 catadores em Gramacho, mas só 1.200 receberam indenização. O lixão foi desativado às vésperas da Rio +20, em 2012, somente para que autoridades que chegariam aqui para o evento não vissem a situação”, entrega.

Outro item do plano emergencial que deveria ter sido cumprido até agosto era o aumento da coleta seletiva na cidade. Mas, segundo dados divulgados pela própria Comlurb, até hoje apenas 64 dos 160 bairros da cidade contam com serviço de coleta regular.

O biólogo Mário Moscatelli costuma sobrevoar a cidade de helicóptero e concorda que o problema do lixo está longe de estar resolvido. “A ocupação urbana desordenada gera centenas de pontos de descarte completamente inadequados junto aos rios, encostas e baixadas. Muitas vezes esses pontos não são tecnicamente denominados lixões, mas geram graves problemas ambientais, de saúde pública e que acabam sendo subnotificados”, observa.

Aterro de Seropédica pode ser uma bomba relógio

Foto: Cesar Barreto / Prefeitura do RioFoto: Cesar Barreto / Prefeitura do RioO Aterro de Seropédica está próximo a uma reserva subterrânea de água

Apontado como a melhor e mais moderna alternativa para a destinação de todo lixo produzido no Rio, o Aterro de Seropédica prometia trazer inovação ao processo de tratamento dos resíduos, além de estar enquadrado em todas as leis ambientais. Segundo a administração local, todo o lixo que chega lá é imediatamente tratado, sendo compactado com tratores e depois cobertos com argila para evitar vetores e odores. Além disso, há também as lagoas de tratamento de chorume (líquido gerado pela decomposição do lixo), que são cobertas e evitam a proliferação de doenças.

Lima, porém, alerta que apesar de todo o aspecto moderno, a localização do Aterro é uma bomba relógio: “O Aterro está muito próximo do aquífero de Piranema, uma reserva de água que poderia abastecer 700 mil pessoas por dia em caso de necessidade. Agora ele vive um risco enorme de contaminação por chorume. Estão jogando o lixo no local mais inadequado do Estado”.

Ele lembra ainda que a ausência de uma cadeia produtiva organizada para a reciclagem dos materiais acabará sobrecarregando o Aterro. “O Rio recicla apenas 1% de todo o lixo que produz. Os R$ 22 milhões de investimento prometido pelo BNDES para implementação da lei serviria para a construção de sete galpões, mas até hoje só um foi construído e apenas 200 catadores foram empregados”, reclama.

Para Moscatelli, a questão do lixo na cidade não orbita somente em torno da destinação e tratamento adequados. “Acredito que a mãe de todas as desgraças ambientais e sociais é a ausência permanente de políticas públicas de estado no que diz respeito à habitação, transporte e saneamento”, conclui.

O Estado do Rio ainda tem 18 lixões em operação, que devem ser fechados até o final deste ano. A Secretaria de Estado do Ambiente, o Instituto Estadual do Ambiente e o Ministério Público estão obrigando todos os municípios ainda em desacordo com as normas da Política Nacional de Resíduos Sólidos a se adequarem.