ÁGUAS: ABUNDÂNCIA E ESCASSEZ
Os oceanos, rios, lagos, geleiras,
calotas polares, pântanos e alagados cobrem cerca de 354.200 km² da Terra, e
ocupam um volume total de 1.386 milhões de km³. Apenas 2,5% desse reservatório,
porém, consiste de água doce, fundamental para a nossa sobrevivência, sendo o
restante impróprio para o consumo. Além disso, 68,9% da água doce está na forma
sólida, em geleiras, calotas polares e neves eternas. As águas subterrâneas e
de outros reservatórios perfazem 30,8%, e a água acessível ao consumo humano,
encontrada em rios, lagos e alguns reservatórios subterrâneos, somam apenas
0,3%, ou 100 mil km³. O Brasil tem 12% da concentração mundial de água doce.
Por que tal abundância de água não nos
protege da sua falta?
Haverá mesmo falta d'água na Terra? O
ciclo hidrológico compreende o movimento da água em suas várias formas, mantém
um fluxo permanente com o volume inalterado desde o nascimento da Terra. O
homem, por sua vez, tem se apropriado dos recursos sem a preocupação de
preservar os ciclos naturais, como se a existência da água fosse uma dádiva dos
céus.
A disponibilidade da água tornou-se
limitada pelo comprometimento de sua qualidade. A situação é alarmante: 63% dos
depósitos de lixo no país estão em rios, lagos e restingas. Na região
metropolitana de São Paulo, metade da água disponível está afetada pelos lixões
que não tem qualquer tratamento sanitário. No Rio de Janeiro diminuiu-se a
oferta de água para fins de uso doméstico e industrial devido à poluição
crescente por esgoto urbano. A Região Norte, que tem a maior reserva de água
doce do Brasil, é a que mais contamina os recursos hídricos despejando
agrotóxicos, mercúrio dos garimpos e lixo bruto nos rios.
Segundo dados do IBGE, de 1999, 70,9%
dos brasileiros possuem residência; desse total apenas 75% dispõem de água
potável e 59% de rede de esgoto; 94% dos esgotos não são tratados e 80% das
doenças são causadas ou disseminadas pela falta de saneamento. A água de má
qualidade pode ser fatal. A cada ano as doenças provocadas por ela causam 3
milhões de mortos no mundo, crianças na maioria, e provocam mais de 1 bilhão de
enfermidades.
.O Brasil, além dos problemas de
poluição dos reservatórios naturais e dos processos desordenados de urbanização
e industrialização, tem como causa da degradação da qualidade da água o
desperdício provocado por escoamento defeituoso nas tubulações e o desperdício
doméstico.
Falta uma maior eficiência política dos
governos que estabeleça ações públicas e privadas para um melhor gerenciamento
dos recursos hídricos. Baseado nisso, o Banco Mundial adotou alguns
procedimentos em nível global para melhoria do gerenciamento da água. Eis
alguns: ·
Incorporar as questões relacionadas com
a política e o gerenciamento dos recursos hídricos nas conversações periódicas
que mantém com cada país e na formulação estratégica de ajuda aos países onde
as questões relacionadas com a água são significativas.
- Apoiar as medidas para o uso mais eficiente da água. ·
- Dar prioridade à proteção, melhoria e recuperação da qualidade da água e à redução da poluição das águas através de políticas "poluidor-pagador" (quem polui paga, na proporção do dano). ·
- Apoiar os esforços governamentais para descentralizar a administração da água e encorajar a participação do setor privado, a participação das corporações públicas financeiramente autônomas e das associações comunitárias no abastecimento de água aos usuários. ·
.
Tabela 2 - Doenças relacionadas à água.
Doenças
|
Número por ano (1993)
|
|
|
Casos de doenças
|
Mortes
|
Cólera
|
297.000
|
4.971
|
Febre tifóide
|
500.000
|
25.000
|
Giardíase
|
500.000
|
Baixo
|
Amebíase
|
48.000.000
|
110.000
|
Doenças diarréicas
(idade < ou igual 5 anos) |
1.600.000.000
|
3.200.000
|
Esquistossomose
|
200.000.000
|
200.000
|
Fonte: Ivanildo Hespanhol - OMS.
Hoje a população urbana brasileira
corresponde a 76% e no estado de São Paulo essa taxa cresce para 91%. A
tendência é que, conforme a cidade vá se expandido em áreas rurais e
periféricas, geralmente de forma não-planejada, os mananciais sejam
contaminados com o despejo de esgoto e de lixo. Essa contaminação também pode
atingir os aqüíferos através da perfuração de poços sem cuidado específico e
através de fossas sépticas que contaminam os lençóis freáticos.
Enquanto aumenta a demanda de água a
sua qualidade piora, encarecendo os custos de tratamento. saneamento, o
Enquanto a solução não chega, a atitude mais barata
e ao alcance de todos no momento são as campanhas de conscientização para um
uso racional da água, assim como o seu reaproveitamento caseiro
ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
- O caso dos depósitos de lixo e a contaminação das águas subterrâneas também
chama atenção. A água da chuva dissolve os resíduos acumulados nesses depósitos
e em seguida os carrega para o subsolo, poluindo os poços que servem ao
abastecimento urbano. Por isso, os locais de escavação de poços e as áreas que
os circundam devem ser muito bem escolhidos e precisam ficar protegidos de
rejeitos e substâncias tóxicas. Naturalmente, algumas condições são mais
favoráveis.
A participação da população na gestão
da água é hoje um desafio para as ONGs e para a sociedade civil. Alguns
programas tem sido implementados na tarefa de conscientizar a população quanto
ao desperdício e conservação da água ...
CICLO HIDROLÓGICO
Apesar de termos a impressão de que a
água está "acabando", a quantidade de água na Terra é praticamente
invariável há 500 milhões de anos. O que muda é a sua distribuição, pois a água
não permanece imóvel. Ela se recicla através de um processo chamado Ciclo
Hidrológico, através do qual as águas do mar e dos continentes se evaporam, formam
nuvens e voltam a cair na terra sob a forma de chuva, neblina e neve. Depois
escorrem para rios, lagos ou para o subsolo e aos poucos correm de novo para o
mar mantendo o equilíbrio no sistema hidrológico do planeta.
As eventuais "perdas" de água
se devem mais à poluição e à contaminação, que podem chegar a inviabilizar a
reutilização, do que à redução do volume de água da Terra. A existência do
Ciclo Hidrológico é uma das provas de que o gerenciamento adequado dos recursos
hídricos, e não a "falta d'água", é o maior problema a ser enfrentado
pela humanidade.
Novos conflitos internacionais,
motivados pela disputa pela água, deverão aparecer nas próximas décadas.
Crescem as previsões de que, em regiões como o Oriente Médio e a bacia do rio
Nilo, na África, a água vá substituir o petróleo como o grande causador de
discórdia. A razão é a escassez do precioso líquido transparente nesses
lugares.
Dos 2,5% de água doce da Terra, 0,3%
são acessíveis ao consumo humano. Essa cifra demonstra claramente a diferença
entre água e recursos hídricos, ou seja, água passível de utilização como bem
econômico. A quantidade total de água da Terra, portanto, é suficiente para
abastecer toda a população com folga. Isso porque o ciclo hidrológico mantém um
fluxo constante do volume de água, a uma taxa de 41.000 km³/ano. Desse fluxo,
mais da metade chega aos oceanos antes que possa ser captado e um oitavo atinge
áreas muito distantes para poderem ser usadas. Estima-se que a disponibilidade
efetiva de água esteja entre 9.000 e 14.000 km³/ano. Enquanto isso, a demanda
total de água prevista para o ano 2000 deverá atingir apenas cerca de 4.500
km³/ano. Assim, em termos globais, não existe perigo de escassez de água.
DICIONÁRIO PARA
ESTUDO CASO 1:
PREEMINÊNCIA:
que ocupa lugar mais elevado.
MANANCIAIS:
fonte de abastecimento de água que pode ser um rio, lago, poço, nascente, lençol
freático, lençol profundo.FOSSAS SÉPTICAS: cavidade subterrânea para o despejo de resíduos orgânicos. Nesta cavidade microorganismos transformam, por fermentação, a matéria orgânica em substâncias minerais.
LENÇÓIS FREÁTICOS:corresponde a faixa de água mais próxima da superfície e pode ser retirada através de poços.
ROCHAS
ÍGNEAS: incluem todas as rochas da
crosta terrestre. Origina do magma variando com o tipo de sua consolidação.
ROCHAS
METAMÓRFICAS: podemos dividir a crosta da Terra em 3 zonas. Na primeira as
rochas estão em processo de desintegração; os compostos solúveis são levados
pelas águas à zona inferior. Na segunda, as rochas são fraturadas e as
aberturas estão cheias de água, contendo muita matéria em solução. As
substâncias aqui dissolvidas e as provenientes da zona superior são depositadas
nas fraturas e espaços intergranulares das rochas, a chamada zona de
cimentação. Na terceira zona, devido à grandes pressões as as aberturas fecham.
A maior parte das rochas metamórficas se formam na zona de cimentação. Tem
estruturas semelhantes às das rochas ígneas e em outra parte, às das
sedimentares.
ROCHAS
SEDIMENTARES IMPERMEÁVEIS: formada pela acumulação de material derivado de
outras rochas pré-existentes, por processos de desintegração. É de formação
porosa e por conta disso não acumula água.
AQUÍFERO:
rocha cuja permeabilidade permite a retenção de água, dando origem a águas
interiores ou freáticas.
LITOLOGIA:
parte da geologia que estuda a constituição das rochas.
BIOSFERA:
parte do planeta Terra onde pode existir vida.
ATMOSFERA:
envoltório gasoso da Terra, constituído
principalmente de oxigênio, azoto argônio, gás carbônico, criptônio,
xenônio, neônio e hélio.
TÓRRIDO:
ardente
ESPARSOS:
espalhado, disperso
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